Balanço hídrico
O conhecimento dos processos hidrológicos de uma bacia hidrográfica é essencial para o direcionamento das ações de gestão de recursos hídricos relacionadas ao uso da água.
O balanço hídrico pode ser entendido como a contabilização das entradas e saídas de água de um determinado espaço. O balanço pode ser calculado para uma camada do solo, um trecho de rio ou para uma bacia hidrográfica.
A bacia hidrográfica é um espaço adequado para avaliação do comportamento hídrico, pois tem as localizações geográficas das entradas e das saídas bem definidas. O entendimento do balanço hídrico depende de vários fatores como conhecimento do ciclo hidrológico (precipitação, escoamento superficial, evapotranspiração, infiltração), variáveis climáticas, condições do solo e sua utilização, hidrogeologia da bacia, usos da água existentes, entre outros.
O balanço hídrico mais recente contabilizado para as bacias dos rios Guandu, da Guarda e Guandu-Mirim foi realizado na etapa de diagnóstico do Plano Estratégico de Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas dos rios Guandu, da Guarda e Guandu-Mirim (PERH-Guandu). A elaboração teve início em 2016 e sua conclusão e aprovação aconteceram em 2018, por meio da Resolução Guandu nº 139, de 06 de dezembro de 2018. O diagnóstico do PERH contemplou os balanços quantitativo e qualitativo, como é possível conferir no Balanço Hídrico (SIGA-Guandu).
Abaixo, é possível conferir uma síntese das conclusões do balanço hídrico quali-quantitativo do PERH-Guandu.
Balanço hídrico quantitativo
O Grupo de Pesquisas de Hidrologia de Grande Escala (HGE) do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IPH-UFRGS) vem desenvolvendo alguns produtos que visam a integração de sistemas de apoio à decisão voltados à gestão de recursos hídricos com modelos hidrológicos e SIG, cuja base é o Modelo Hidrológico de Grandes Bacias (MGB), também desenvolvido no mesmo núcleo de pesquisas.
O modelo já foi aplicado nas bacias do rio Ibicuí e Ijuí, no Rio Grande do Sul, em duas bacias afluentes do rio São Francisco, em Minas Gerais, e também da bacia do rio Macaé, no Estado do Rio de Janeiro, notando-se a grande facilidade de implementação em qualquer bacia hidrográfica. Na página do grupo de pesquisas encontra-se disponível para download a versão atual do SiGBAH-IPH, além do manual de instruções e artigos publicados.
O esquema de balanço hídrico adotado neste estudo é constituído por um balanço de entradas e saídas de água em cada uma das microbacias da rede hidrográfica. O detalhamento da metodologia utilizada pode ser encontrado no Tomo II da Etapa de Diagnóstico do PERH-Guandu.
O comprometimento mais expressivo ocorre no rio São Pedro (Unidade Hidrológica de Planejamento – UHP rios Santana e São Pedro), no qual no seu exutório, a demanda ultrapassa o patamar de 50% da disponibilidade hídrica, sendo ocasionado quase em sua totalidade pelas captações para fins de abastecimento.
O segundo comprometimento mais expressivo ocorre no rio Queimados, onde o comprometimento em seu exutório é de 34%, também ocasionado em sua maior parte em função do abastecimento. Observando os mapas de balanço hídrico, existem também outros pontos de criticidade alta, contudo, consideram-se resultados menos expressivos, pois representam áreas de drenagem em geral muito pequenas.
Em relação ao curso influenciado pela transposição, verifica-se um comprometimento superior a 50% no Canal de São Francisco a partir do ponto de captação da TKCSA. Apresenta-se, também, um cenário alternativo, no qual a liberação adotada em Pereira Passos é de 70 m³/s, correspondendo ao mínimo excepcional verificado nas séries de defluências em alguns períodos no ano de 2015. Neste cenário, o comprometimento superior a 50% inicia-se logo após o ponto de captação da ETA Guandu, havendo uma vazão remanescente de 31 m³/s neste ponto. No exutório do canal, o comprometimento ultrapassaria os 90%, com vazão remanescente de apenas 3,9 m³/s.
Balanço hídrico qualitativo
A qualidade das águas é apresentada no diagnóstico em termos do Índice de Qualidade da Água (IQA) médio, indicando grande heterogeneidade na Região Hidrográfica Guandu, com trechos classificados em boa, média, ruim e muito ruim. Percebe-se que as UHPs com classificação mais crítica são aquelas onde há maior potencial econômico (em termos de PIB): rios Queimados e Ipiranga, rio da Guarda, rio Guandu-Mirim e bacias litorâneas (ME). A qualidade das águas é apresentada no diagnóstico em termos do Índice de Qualidade da Água (IQA) médio, indicando grande heterogeneidade na Região Hidrográfica Guandu, com trechos classificados em boa, média, ruim e muito ruim. Percebe-se que as UHPs com classificação mais crítica são aquelas onde há maior potencial econômico (em termos de PIB): rios Queimados e Ipiranga, rio da Guarda, rio Guandu-Mirim e bacias litorâneas (ME).
Apenas a UHP Ribeirão das Lajes, a montante do reservatório, tem IQA bom, onde percebe-se que o potencial econômico regional é baixo, sem nenhuma sede urbana. O efeito da vazão de diluição é bem visível nas UHPs rio Guandu e Canal de São Francisco que apresentam IQA médio, mesmo com grande carga poluidora proveniente das bacias afluentes, que tem IQA pior, mas sofrem diluição pela vazão remanescente das transposições.
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