Com os incêndios florestais e a fumaça que vem deles se espalhando por todo os país, o mês de setembro mal iniciou e é um dos mais preocupantes para a ocorrência das queimadas por conta da baixa umidade do ar. No Rio de Janeiro não tem sido diferente, onde os casos de fogo em vegetação, atendidos pelo Corpo de Bombeiros, até agora, já superam em 85% os dados do ano passado. O momento é de preocupação, alerta e conscientização. Dando a sua contribuição, o Comitê Guandu-RJ segue com a campanha Fiscal das Queimadas

Todos os anos, a iniciativa do Colegiado acontece no período mais seco do ano, quando o risco aumenta, não só pelo inverno, mas pelas festas juninas e julinas. A ação se estende até o fim deste mês e conta com reforço de parceiros como a Nuclebrás Equipamentos Pesados S.A (Nuclep), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e prefeituras da RH II.

Em vídeos já publicados nas redes sociais do Comitê, parceiros que trabalham em prol do meio ambiente na Região Hidrográfica II trazem informações e alertas para acabar com as queimadas. Além disso, o Colegiado tem feito vídeos educativos, que trazem informações claras e simples de como toda a população pode contribuir para evitar o início de incêndios, em sua grande maioria, provocado por atitudes irresponsáveis dos seres humanos. O assunto também foi tema de workshop organizado pelo Guandu, que tratou sobre o impacto da crise do clima associado aos incêndios florestais.

No vídeo desta semana, a bióloga e pesquisadora na Embrapa Agrobiologia, em Seropédica/RJ, Juliana Müller Freire, convoca a todos a abraçarem a campanha e fazer sua parte.

“Estamos vivendo uma crise sem precedência em relação às queimadas no Brasil. E a pergunta que eu faço é, o que podemos contribuir para evitar que isso aconteça? Não adianta ficar reclamando do governo ou esperar que terceiros façam alguma coisa. Essa luta é de todos nós. Na sua casa, no seu bairro, no seu sítio, não deixe o capim crescer e você não precisa queimá-lo. Corte e o retire do local. Ele é um material inflamável que precisa ser manejado. Plante árvores. Além de frutos e sombra, as árvores contribuem para a regulação climática. Não queime a pastagem e os restos da sua lavoura”, destacou a pesquisadora.

Ainda segundo a bióloga, a exposição constante ao fogo diminui a quantidade de matéria orgânica e prejudica a microbiota e a fertilidade do solo, que são cruciais para a saúde das plantas.

“Se a queima é feita em pastagens que estão em encostas, a degradação do solo é ainda maior devido à inclinação do terreno. Sem a cobertura vegetal, o solo fica mais vulnerável à erosão pela água da chuva, dos ventos, aumentando a cada dia a sua deterioração. Não queime seu lixo. As substâncias químicas liberadas durante a queima são tóxicas e prejudiciais à saúde humana. Além disso, essa prática constitui crime pelo artigo 54 da Lei de Crimes Ambientais. A queimada deteriora as condições do solo, destrói hábitat e reduz a biodiversidade. Vamos cuidar do que é nosso. Se mobilize, não se acomode. Converse com seus vizinhos. Essa luta é de todos nós”, convocou Juliana Müller.

Dados do Corpo de Bombeiros revelam que o Estado do Rio de Janeiro já tem quase 14 mil ocorrências desde o início do ano, um aumento de 6 mil em relação ao mesmo período de 2023. Os casos também já superam em 2.558 ocorrências as registradas durante todo o ano passado. A cidade do Rio de Janeiro, na Bacia do Guandu, é o município com o maior número de fogo em vegetação com 4.513 focos.

Além disso, a cidade sofre com o impacto das queimadas na Amazônia, no Cerrado e no Pantanal, que elevado a poluição do ar a um nível até seis vezes acima do recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) trazendo riscos.

De acordo com o Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o país iniciou o mês de setembro com mais de 154 mil focos de calor registrados no ano.