Mais um episódio da segunda temporada do podcast “Quanto Vale a Água?”, elaborado pelo Comitê Guandu-RJ, está no ar e, desta vez, trazendo um debate sobre o “Esgotamento Sanitário” (veja no link abaixo). Três especialistas apresentaram um rápido panorama sobre os desafios da política de saneamento básico no estado do Rio de Janeiro, em especial a Região Hidrográfica II, na Bacia do Guandu, que abastece mais de 9 milhões de pessoas.
Assuntos como concessão, investimentos, manutenção, mobilização da comunidade e participação dos municípios estiveram em pauta, assim como a contribuição do Comitê Guandu nas discussões para o ordenamento e avanço do saneamento na região. Um dos destaques do episódio foi o programa Sanear Guandu, que leva esgotamento sanitário adequado para as áreas rurais e periurbanas da bacia. Um vídeo foi exibido durante o Podcast mostrando dados e a eficácia do Sanear.
O episódio foi mediado pelo jornalista Antônio Mendes Júnior, que é gerente da Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (AGEVAP), e contou, ainda, com a participação do professor Jerson Kelmann (UFRJ), doutor em Hidrologia e Recursos Hídricos e um dos consultores da criação da Política Nacional de Recursos Hídricos; o professor Paulo Canedo, que é doutor em Engenharia Civil com ênfase em Hidrologia e consultor do Banco Mundial; e o presidente da AGEVAP, André Marques, que é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e foi consultor do Ministério das Cidades.
O mediador começou pontuando que um dos grandes desafios do saneamento e do meio ambiente no Brasil é o esgotamento sanitário. Antônio citou o Plano de Recursos Hídricos do Guandu, que, em 2018, reforçou a necessidade de investimentos na casa de R$ 1,4 bilhão para a universalização do esgotamento na Bacia Guandu e questionou se a concessão desse serviço, como acontece em doze das quinze cidades que compõem a RH II, é o caminho para a solução.
Todos os debatedores apontaram que a concessão bem acompanhada e com boa gestão poderá resolver parte significativa dos problemas hoje enfrentados com o saneamento na região. Afirmaram ainda que conectar a maior parte das residências a rede será um desafio e um fato indispensável para efetividade do sistema. Sem deixar de citar divergências em alguns pontos, os especialistas destacaram que a estrutura lógica adotada com as concessões é correta.
“Eu penso que o estado do Rio tomou a decisão correta de procurar outros atores do serviço de saneamento que não só a Cedae. Acredito que grande parte do problema será resolvido. Estamos no caminho certo de resolver”, disse Jerson Kelmann, lembrando que três concessionárias já atuam na região fazendo investimentos.
O professor Paulo Canedo pontuou possíveis formas do Comitê Guandu ajudar na mobilização entre a sociedade e a empresa de concessionária. “Essa lógica de ligar-se na rede, tomar conta da água etc., etc., é uma função que cabe muito ao Comitê, porque não cabe à concessionária. Eu acho que o Comitê deve exercer todas as suas possibilidades para que isso seja conquistado (…) Primeira coisa é entendendo e fazendo com que a população entenda e os governantes entendam o problema”, afirmou o consultor do Banco Mundial.
O presidente da AGEVAP, André Marques, lembrou que o Comitê não deve investir onde as concessionárias têm a obrigação de atuar, a não ser que houvesse um reequilíbrio do contrato, o que é improvável. É justamente nas áreas fora da concessão que o Comitê Guandu está atuando com o Sanear, apontado como o maior programa executado no país de obras de esgotamento sanitário em áreas rurais e periurbanas.
Já são mais de R$ 32 milhões investidos na RH II, se aproximando de 13 municípios e cerca de 5 mil domicílios atendidos gratuitamente com soluções individuais, como biodigestores, levando dignidade para cerca de 20 mil pessoas e protegendo áreas de maior cobertura florestal e de nascentes.
O programa já está em fase de ampliação e pretende atender 100% das áreas rurais e periurbanas da RH II até 2026. Um novo processo de seleção de localidades inscritas pelas prefeituras está em andamento. Apesar de o Plano de Bacia trazer que 99% da população da Bacia da RH II está morando em zonas urbanas e é o esgotamento sanitário dessa área que vai fazer de fato o impacto nas águas, o Sanear leva dignidade para essas pessoas de localidades que estavam sem qualquer serviço de esgotamento.
“É um fato esquecido. Não está na concessão, não está no governo, não está em lugar nenhum. Alguém precisava entrar nessa área. Então, o Comitê fez muito bem em entrar. Aí sim você está fazendo a parte social total, porque é importante. Essas pessoas estavam esquecidas. Além disso, há uma equipe de mobilização social, materiais de educação ambiental e todo suporte para que o morador entenda e faça correto uso e até mesmo manutenção do sistema”, ressaltou André Marques.
Além de conferir todos os detalhes do episódio sobre “Esgotamento Sanitário”, você também pode assistir ao primeiro com o tema “Turismo Agroecológico”. Outras três edições abordando “Mudança Climática”, “Restauração Florestal e Carbono”, e “Educação Ambiental” serão divulgadas nos próximos dias.
Todos os episódios tratam sobre os valores da água em diferentes espectros e como as ações conjuntas e individuais podem contribuir à preservação e segurança hídrica da RH II, sempre ouvindo membros do Colegiado e outros especialistas convidados.
Todos os episódios do Podcast “Quanto Vale a Água?” estarão disponíveis nas plataformas de áudios Spotify e Deezer, canal do YouTube e em todas as outras mídias digitais do Comitê.
Veja o primeiro episódio no link: