Árvores de pé para a produção de água. É cada vez mais investindo nessa missão que o Comitê Guandu-RJ tem apostado em uma agenda de infraestrutura verde, priorizando a restauração e preservação da Mata Atlântica. São medidas que vão desde o incentivo financeiro ao plantio de mais árvores, como o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), até iniciativas que visam a sensibilização da sociedade sobre os danos causados aos ecossistemas com as queimadas, por exemplo.
O Estado do Rio de Janeiro vive um dos momentos mais críticos em relação aos incêndios em vegetação. Segundo o Corpo de Bombeiros, nos últimos nove meses a corporação foi acionada para cerca de 17 mil ocorrências em todo o estado. Com a sua Campanha Fiscal de Queimadas em andamento nas redes sociais, o Comitê segue com alertas, principalmente diante de dados preocupantes.
A Campanha é só uma das várias ações realizadas pelo Colegiado na preservação da Mata Atlântica, que cobre 17% da área do estado do Rio de Janeiro. Sua importância é tão grande que pode ter impacto até sobre o abastecimento de água.
Aproveitando este dia 21 de setembro, quando se comemora o Dia da Árvore, o Comitê Guandu reforça mais uma vez o seu apelo contra as queimadas, ressaltando as suas ações na Região Hidrográfica ll, na Bacia do Rio Guandu, em prol das florestas de pé.
Coordenadora do Grupo de Trabalho de Educação Ambiental (GTEA) do Comitê Guandu, a engenheira química com especializações na área ambiental e sustentabilidade, Viviane Montebello, destacou a importância de combater os incêndios florestais, já que as árvores têm relação direta com as qualidades da vida, do solo, da água e do ar.
“As árvores realizam a fotossíntese, que liberam oxigênio, são habitat e abrigo para diversas espécies da nossa biodiversidade. São importantes na regulação do clima e, a partir delas, a gente tem fontes, reservas, recursos hídricos… As árvores permitem a existência das nascentes, ajudam a filtrar os poluentes do ar e manter o ciclo da água ativo. Além disso, ainda tem a questão dos recursos naturais que elas fornecem, como a madeira, frutas e resinas, destacou Montebello, que é membro do Comitê representando a Nuclebrás Equipamentos Pesados S/A, onde ocupa o cargo de gerente de meio ambiente. A NUCLEP é uma das parceiras da Campanha Fiscal das Queimadas.
Um exemplo de comprometimento do Colegiado por mais árvores é o Programa Produtores de Água e Floresta (PAF), que existe há 16 anos e já soma mais de 5.000 hectares de áreas florestais restauradas e conservadas nos municípios de Rio Claro, Mendes, Vassouras e Engenheiro Paulo de Frontin. A iniciativa ganhou reforço nos últimos dois anos com o projeto (Re) Floresta, Água Carbono, em parceria com a AGEVAP e o Programa Petrobras Socioambiental, que tem feito, entre outras coisas, o plantio mais de árvores e um levantamento importante sobre o estoque de carbono no município de Rio Claro.
Desde o início, o PAF (Re) Floresta promove o desenvolvimento sustentável através de capacitações em práticas agrícolas adequadas e educação ambiental, tanto em escolas quanto em comunidades. Além disso, realiza ações diretas de restauração ambiental, contribuindo também para a recuperação de áreas degradadas e a preservação dos ecossistemas locais.
Nesses dois anos, o PAF (Re) Floresta já plantou 30,8 hectares, totalizando 28.967 mudas e cerca de 170.000 sementes. Com monitoramento e cuidado contínuos, a meta do projeto é que cerca de 200 mil árvores alcancem a fase adulta, o que leva, em média, 15 anos. O objetivo é que elas sejam moradas para que espécies únicas se desenvolvam e cresçam em número novamente.
No entanto, diante de tantas queimadas, esses objetivos podem ser prejudicados. Na Mata Atlântica, mais de 90% dos incêndios em áreas naturais são causados pela ação humana, com ou sem intenção. A prevenção de incêndios sempre foi fundamental, mas este ano se tornou crítica, pois o clima, segundo especialistas, está favorável ao fogo.
“Os incêndios são um grave problema. A prevenção sempre é o melhor caminho para a manutenção dos plantios realizados com recursos oriundos do Comitê Guandu. Os danos ambientais causados pelas queimadas, que acontecem em poucas horas, demorarão décadas até serem recuperados. Projetos como o PAF e o (Re) Floresta são fundamentais para restaurar áreas afetadas, mas é necessária a consciência da população. Preservar a Mata Atlântica e combater as queimadas exigem esforços conjuntos de toda a sociedade”, destacou a geógrafa do PAF (Re) Floresta, Maria Affonso Penha.
Assim como o PAF, todas as iniciativas da agenda de infraestrutura verde dialogam entre si e ganham ainda mais forca e planejamento com o Plano Diretor Florestal e os Programas Municipais de Educação Ambiental, entregues a municípios da região pelo Comitê neste ano. Também se destacam outras ações do Plano Associativo de Combate, Prevenção e Mitigação de Incêndios Florestais, do Comitê, voltadas aos municípios da RH II, como a capacitação de agentes ambientais e a distribuição de EPIs para auxiliar no combate às queimadas.
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