O Comitê das Bacias Hidrográficas dos rios Guandu, da Guarda e Guandu-Mirim (Comitê Guandu-RJ) segue acompanhando os desdobramentos da constatação da presença de surfactantes (composto presente em detergentes) no Rio Guandu, que chegou a resultar na interrupção da captação na Estação de Tratamento de Água do Guandu, que voltou a operar, às 4h17 desta terça-feira (29), com 100% de capacidade, segundo informado pelo Governo do Estado, responsável pela operação da estação, por meio da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (CEDAE).

Desde os acontecimentos referentes à Região Hidrográfica II e a consequente interrupção do abastecimento de água nesta segunda-feira (28), o Comitê Guandu, ao ser informado de manhã pela CEDAE, passou a acompanhar o caso solicitando dados do ocorrido, além de subsidiar informações ao Ministério Público do Rio de Janeiro, aos órgãos responsáveis pela gestão da água e toda a sociedade.

A própria de CEDAE comunicou ao Colegiado que, em razão das alterações na qualidade da água do Rio Guandu na segunda-feira, seguiu o protocolo estabelecido no Plano de Contingência Para o Abastecimento de Água, elaborado pelo Comitê Guandu, adotando os “procedimentos 3 e 6 do PAE (Plano de Atendimento a Emergência), com a interrupção da captação de água para a ETA-Guandu”.

Para o Comitê Guandu-RJ, o procedimento de segurança adotado de interrupção da captação foi correto, pois evitou que fosse colocado na rede uma substância que poderia fazer mal às pessoas.

O Instituto Estadual do Ambiente (INEA) e a Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), da Polícia Civil, estão buscando identificar quem descartou o material no Rio Guandu, trabalhando com a hipótese de ter ocorrido de forma criminosa.

O Comitê Guandu seguirá acompanhando o caso, aguardando o resultado das análises da água, realizadas pela CEDAE e também pelo INEA.

Saiba mais sobre o Plano de Contingência

O Plano de Contingência para Abastecimento de Água é um conjunto de documentos que definem ações específicas e integradas, de diferentes tipos (preventivas, de preparação, resposta, recuperação e mitigação), baseadas em procedimentos e abordagens técnicocientíficas, com apoio de bases de dados e informações (e sistemas de informação geográfica), e no envolvimento e interação de múltiplos atores, quando em situações de emergência ambiental e que possam pôr em risco o fornecimento de água bruta para fins de abastecimento público.

O enfoque principal deste Plano são situações de acidentes, que possam gerar poluição acidental, atingindo mananciais superficiais e afetar captações utilizadas para abastecimento público. O objeto principal é a área de contribuição hidrográfica do sistema de captação e ETA Guandu, por seu caráter estratégico para a Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ), a qual, atualmente, não apresenta outras alternativas de mesma magnitude para seu abastecimento, salvo em situações emergenciais e de pequeno tempo de duração. Ademais, devido à dependência da transposição de água, também se constituem áreas estudadas um trecho da bacia do rio Paraíba do Sul e a bacia do rio Piraí, como elementos de transposição para a bacia do rio Guandu.

Com base em um extenso diagnóstico de cenários de riscos potenciais ao longo da Região Hidrográ­fica, o Plano sugere uma série de ações integra­das de prevenção e resposta em caso de aciden­tes que possam comprometer os corpos hídricos da Bacia. Finalizado em 2015, está em fase de articulação junto às instituições envolvidas, sendo o único Plano deste segmento no Estado.

O Colegiado já aprovou a destinação de recursos para atualização deste Plano, visando aprimorar os procedimentos e atualizar o arcabouço institucional e a matriz de responsabilidades.

Conheça o plano: http://www.sigaguandu.org.br:8080/publicacoesArquivos/arq_pubMidia_Produto06_RF.pdf

Outras ações por mais qualidade

Integrante do Conselho Estadual de Recursos Hídricos, criado pelo Decreto Nº. 31.178, de 30 de abril de 2002, o Comitê Guandu –RJ tem como objetivo promover a gestão descentralizada e participativa dos recursos hídricos além da articulação das ações socioambientais voltadas ao desenvolvimento sustentável na Região Hidrográfica II.

Além do diagnóstico ambiental completo da RH II do estado do Rio de Janeiro, o Colegiado vem empreendendo esforços e recursos em importantes projetos para melhoria da qualidade da água, em especial o Sanear Guandu, que está executando obras de esgotamento sanitário rural em onze municípios da bacia, dentre eles Nova Iguaçu, Queimados, Japeri, Seropédica e Rio de Janeiro, em bairros e áreas que não entraram no escopo da concessão dos serviços. Os investimentos são da ordem de R$ 58 milhões.

Outra ação é a implementação do projeto Observatório de Bacias, um estudo de dois anos que estabeleceu oitenta (80) pontos de monitoramento qualiquatitativo na região hidrográfica II. O Colegiado irá tramitar em suas instâncias neste segundo semestre um arranjo institucional em parceria com o INEA e o fomento de R$ 16 milhões para a implementação das estações, e mais R$ 2,8 milhões por ano para a operacionalização e manutenção.

O projeto irá possibilitar a geração sistemática de dados sobre a qualidade e a quantidade da água, sendo subsídio para ações mais assertivas e efetivas.