Iniciado em agosto de 2022 no município de Rio Claro-RJ, o projeto PAF (Re) Floresta Água e Carbono, um dos braços do programa Produtores de Água e Floresta do Comitê Gundu-RJ, chegou ao fim neste mês de janeiro após construir um legado de restauração florestal, educação ambiental, conhecimento científico e fomento ao desenvolvimento socioeconômico sustentável. A estimativa é que mais de 400 pessoas tenham participado das diversas atividades do projeto.
Os resultados obtidos são apontados como animadores e mostram a importância de iniciativas que envolvam tanto a comunidade ao redor como os órgãos públicos. Foram mais de dois anos realizando ações de restauração florestal, educação ambiental, capacitações e treinamentos integrados com a sociedade e com a comunidade tradicional local, incentivando, por exemplo, as boas práticas agrícolas
Realizado pela Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (AGEVAP) e financiado pelo Comitê Guandu e Programa Petrobras Socioambiental, o projeto (Re) Floresta gerou oportunidades econômicas para produtores rurais, além de fortalecer as comunidades tradicionais e quilombolas, garantindo seu protagonismo na conservação do meio ambiente e no manejo sustentável das terras.
Entre os destaques estão os serviços de restauração florestal do projeto foram realizados pela Ecovale Consultoria Agroambiental, cujo recurso utilizado para essa contratação foi proveniente da cobrança pelo uso da água e foi destinado para essa finalidade por deliberação do Comitê Guandu. Mais de 90% da meta de restauração foi realizada, o que representa 40,82 hectares implantados em oito propriedades rurais de Rio Claro. Dados do PAF (Re) Floresta apontam que, ao todo, foram plantadas ou semeadas 45.292 mudas de espécies da Mata Atlântica.
Impacto da restauração florestal no estoque de carbono do solo
Outro trabalho desenvolvido pelo PAF (Re) Floresta foi para dimensionar a quantidade de carbono estocada na vegetação e solo nas áreas de atuação do PAF. A metodologia adotada pode ser lida em “Operacionalização da quantificação de carbono por sensoriamento remoto e geoprocessamento em projetos de restauração florestal”, artigo publicado no XXV Encontro Nacional dos Comitês de Bacias Hidrográficas (ENCOB).
A pesquisa liderada pelo Laboratório de Estudo das Relações Solo-Planta (LSP), do Departamento de Solos do Instituto de Agronomia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), em parceria com o programa PAF (Re) Floresta, avaliou os impactos da restauração florestal no estoque de carbono do solo em Rio Claro (RJ). As estimativas iniciais indicam que desde 2008, quando surgiu o programa, cerca de 85.000 toneladas de carbono foram sequestradas nas propriedades rurais que integram o PAF em Rio Claro/RJ, somando, aproximadamente, mais de 6 mil hectares.
O levantamento feito em 544 de amostras de solo, foi realizada entre 2023 e 2024, investigando 17 áreas, incluindo pastagens, áreas em restauração e matas nativas para buscar entender como a restauração influencia a captura e retenção de carbono no solo.
Articulação territorial socioambiental
A promoção de um trabalho integrado com o território e a comunidade também é outra marca do PAF (Re) Floresta. Como parte das ações previstas, foi realizado um diagnóstico de potencialidades socioambientais da comunidade Quilombola do Alto da Serra do Mar.
Ao todo, seis capacitações e treinamentos para os quilombolas e proprietários rurais do PAF foram ofertadas com os temas “Associativismo e Cooperativismo”, “Comunicação digital”, “Ecoturismo e Turismo Agroecológico”, “Meliponicultura”, “Vicência Leiteira”, “Coleta e venda de sementes”. As ações de capacitação alcançaram 118, sendo 65 delas quilombolas.
Outras ações realizadas foram as doações de 300 mudas em eventos, reuniões com órgãos públicos e Conselhos Municipais e parcerias firmadas com o projeto Replantando Vidas da Cedae e Parque Estadual Pedra Selada para a doação de mudas e sementes; com o IFRJ Pinheiral e Senar para as capacitações; e com a Prefeitura de Rio Claro em outras ações.
Para os envolvidos no projeto, o (Re) Floresta deixa como um dos maiores legados, dezenas de proprietários rurais engajados e prontos para as ações do novo ciclo do programa Produtores de Água e Floresta. Por meio do Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), o PAF tem como meta, para os próximos dois anos, conservar 800 hectares e restaurar 100 hectares de florestas, além de 50 hectares em projetos agroflorestais, silvipastoris e de outras boas práticas agrícolas.
Foco também na educação ambiental
Explorando a educação ambiental para passar informações sobre a importância das florestas, mudanças climáticas e reflorestamento, o PAF (Re) Floresta esteve em duas escolas públicas de Rio Claro levando várias ações. Ao todo, 222 pessoas foram diretamente beneficiadas.
O último encontro do ciclo de atividades de educação ambiental com as turmas do 9º ano da Escola Municipalizada Aureliano Portugal, aconteceu em novembro de 2024. Durante as atividades realizadas nos últimos dois anos foram trabalhados temas fundamentais para reforçar a importância de restaurar e preservar as florestas, focando também as mudanças climáticas.
Além das reflexões, cada turma do 9º ano plantou uma muda de araçá-rosa no pátio da escola, deixando um marco vivo e simbólico do projeto. Levando a ação para além da escola, cada estudante recebeu uma muda de espécies nativas da Mata Atlântica para plantar e cuidar em casa. Algumas foram cultivadas pelos próprios alunos a partir de sementes doadas pelo projeto Replantando Vida da Cedae e pelo Parque Estadual da Pedra Selada.