Após um cenário devastador em 2024 com 30 milhões de hectares do território nacional atingidos por queimadas, o primeiro semestre de 2025 registrou uma redução nas ocorrências. Apesar de o Brasil ter obtido a queda de 65,8% nas áreas atingidas pelo fogo de janeiro a junho deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, especialistas alertam que o cenário deve ser sempre de atenção, principalmente durante o inverno, conhecido pelo tempo mais seco e propício a focos de incêndio.
Se os números nacionais são um pouco mais animadores, a situação do estado do Rio de Janeiro é sempre preocupante. Segundo dados do Corpo de Bombeiros, só nos três primeiros meses de 2025 foram registradas mais de 6 mil ocorrências de atendimento a fogo em vegetação, contra 1.200 casos constatados no mesmo período de 2024, o que apontou um aumento em 400%.
Reforçando esse alerta, a Campanha Fiscal das Queimadas, realizada pelo Comitê Guandu, e parceiros, segue publicando uma série de vídeos nas suas redes sociais com abordagens sobre o tema. Um deles traz o depoimento do agente ambiental da APA Guandu, Alessandro Almado, agente ambiental da Área de Proteção Ambiental Guandu (APA Guandu).
“Eu atuo no combate aos incêndios florestais por mais de 10 anos. Já passei por algumas unidades de conservação lutando para proteger as nossas florestas. As queimadas são as responsáveis por grande parte das perdas na nossa biodiversidade e precisamos seguir vigilantes sempre em todas as épocas do ano e ainda mais neste período mais propício aos casos”, destacou Almado.
Especialista em Direito Ambiental, Gustavo Giehl, que atua como superintendente de sustentabilidade e meio ambiente em Nova Iguaçu, é outro “Fiscal das Queimadas” e comentou sobre a importância do envolvimento de todos no combate aos incêndios florestais.
“O artigo 225 da Constituição Federal estabelece que é responsabilidade de todos, poder público e sociedade civil, o combate contra os incêndios florestais é muito importante a gente contar com a educação ambiental como ferramenta para isso, além da formação de brigadistas voluntários. A sociedade precisa ajudar o poder público no combate aos incêndios florestais, precisa se conscientizar e nós contamos com todos vocês”, ressaltou Giehl.
O trabalho tem que ser constante para que panoramas como o de 2024 não se repitam. O ano passado registrou 30 milhões de hectares do território nacional atingidos por queimadas. Essa foi a segunda maior extensão que o fogo alcançou nos últimos 40 anos, ficando 62% acima da média para o período entre 1985 e 2024, como aponta o Mapbiomas.
Os dados constam na primeira edição do Relatório Anual do Fogo (RAF) e da Coleção 4 de mapas de cicatrizes de fogo do Brasil. No último ano, 72% da área queimada no Brasil foram de vegetação nativa. Responsável pela cobertura de florestal de 45% da Região Hidrográfica II (RH II), a Mata Atlântica foi um dos biomas mais afetados em todo o país, ultrapassando em 261% a média histórica. O bioma teve 1,2 milhão de hectares afetado pelo fogo.
Dados mais animadores em 2025
Dados divulgados pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), levantados pelo Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mostram que os números nos seis primeiros meses de 2025 são menos danosos. Em números absolutos, o país saiu de 3,1 milhões de hectares queimados no primeiro semestre de 2024 para cerca de 1 milhão nos primeiros seis meses de 2025.
Análise do Sistema BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), revela também a diminuição de 46,4% no número de focos de calor no primeiro semestre de 2025 na comparação ao mesmo período de 2024. Ao todo, foram identificados 19.277 focos de calor de janeiro a junho de 2025, o menor dado já alcançado desde 2018. Nos primeiros seis meses de 2024, foram mapeados 35.938 focos de calor.