O Dia Nacional da Mata Atlântica, comemorado no último sábado (27), foi marcado por um evento na região Sacra Família, que possui uma das áreas mais conservadas do estado Rio de Janeiro, e que desde 2019 recebe ações do programa Produtores de Água e Florestas (PAF) do Comitê Guandu-RJ. Englobando os municípios de Mendes, Engenheiro Paulo de Frontin e Vassouras, a região conseguiu, por meio do PAF Sacra Família restaurar 50 hectares com o plantio de mais de 47 mil árvores, além de conservar outros cerca de 800 hectares.
Os dados foram apresentados durante o encontro que aconteceu na Fazenda Santa Rita, uma das atendidas pelo PAF, em Mendes, que reuniu os produtores rurais, além de autoridades, entre eles representantes da Prefeitura de Mendes e Engenheiro Paulo de Frontin, do próprio Comitê Guandu e da Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (AGEVAP), que acompanha de perto o PAF Sacra Família. A anfitriã foi a proprietária da fazenda Leila Manoel Menezes, que é a guardiã de uma das áreas mais verdes perto do Centro de Mendes, com 152 hectares, sendo 90% deles de mata nativa preservada.
Nos três municípios são, ao todo, mais de 40 produtores rurais participantes do programa, todos beneficiados pelo Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA) prestados, que somam mais de R$ 400 mil reais. Os valores compensatórios são pagos de acordo com a área de recuperação e preservação florestal nas propriedades. Só no sábado, foram repassados cerca de R$ 50 mil a 14 proprietários rurais dos três municípios, pelo trabalho de conservação de mais de 300 hectares de floresta.
Acompanhando o prefeito de Mendes, Jorge Henrique Costa, a secretária municipal de Agricultura e Meio Ambiente, Zélia de Souza, falou da importância que o PAF representa para os produtores e ao município como um todo.
“A gente entende que o município ganha muito quando consegue ter parceiros como a AGEVAP e o Comitê Guandu, porque os produtores já sabem que têm um papel muito importante na preservação de suas áreas. Quanto mais floresta, mais água e mais eh solo também até para produzir. Os produtores se sentem hoje muito mais protegidos. Sabem a importância que eles fazem no contexto todo. Eles se empoderam disso, se apropriam, se sentem valorizados. A gente sabe que como Prefeitura, que como município sozinho, a gente não caminha, então com esse programa do Comitê, a gente entende que vai valorizar muito mais os produtores e vai conseguir alcançar uma área muito maior, muito mais extensa de proteção de florestas”, ressaltou a secretária.
Presente ao evento, a diretora-geral do Comitê e engenheira ambiental especialista em recursos hídricos da CEDAE, Mayná Coutinho, destacou a parceria das prefeituras para a realização do PAF e o compromisso do Colegiado na proteção de uma das áreas mais importantes à segurança hídrica do estado.
“O Comitê mantém esforços que são perenes quanto à questão de floresta em pé, porque entende, profundamente, a relação entre floresta em pé e saúde hídrica. No sábado, foi muito emblemático, porque foi o dia da Mata Atlântica que, mais do que nunca, a gente precisa estar protegendo, conservando e trazendo esforços nesse sentido. A gente mostrou efetivamente resultados para sociedade dos nossos esforços. Com o PAF, o Comitê incentiva a conservação e a recuperação florestal na bacia do Rio Guandu, assim gerando ganhos ambientais e contribuindo com a qualidade da água que abastece parte da população na Região Metropolitana do Rio de Janeiro”, afirmou Mayná.
De acordo com a técnica em Recursos Hídricos da AGEVAP, Isabela Trece, que atua como gestora nas ações do PAF na região, além de ser uma data comemorativa pela apresentação dos resultados, o evento de sábado teve como proposta trazer um pouco sobre a Mata Atlântica.
“A região do Sacra Família tem 38% de floresta, 22 unidades de conservação e é uma área muito prioritária para a proteção de mananciais. Ter realizado este evento nessa data, do dia da Mata Atlântica, foi fundamental para trazermos, além dos resultados do PAF, a questão do bem viver, de estar celebrando em um local com muito verde. Na região do Sacra Família, são mais de 77 mil hectares, uma cobertura florestal bem expressiva e isso soma muito à necessidade de a gente manter a floresta em pé incentivando a conservação florestal”, disse Isabela Trece.
A maior parte das propriedades atendidas pelo PAF Sacra Família está em Engenheiro Paulo de Frontin. Além das 25 de lá, outras 13 famílias são beneficias em Mendes e mais duas em Vassouras. Além de pensar na recomposição da floresta nativa, mais próximo de suas condições originais, o PAF também trouxe um novo enfoque aos produtores: o incentivo a boas práticas agrícolas. Em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), juntamente com a AGEVAP e a ONG Crescente Fértil, foram implantadas quatro Unidades Demonstrativas de Sistemas Agroflorestais (SAFs) em propriedades rurais em áreas localizadas em Mendes. A agroecologia vem se destacando com a produção de alimentos de forma sustentável, por exemplo, marcando presença no evento com um café da tarde regional com produtos agroecológicos e da agricultura familiar.
Desenvolvido dentro da Agenda de Infraestrutura Verde do Comitê Guandu, com operacionalização e execução da AGEVAP, o PAF na Sacra Família tem atuação da ONG Crescente Fértil, que esteve representada no evento, assim como a ONG The Nature Conservancy (TNC), Emater e o Centro Universitário de Valença. Também estiveram no encontro, representantes das secretarias de Meio Ambiente de Engenheiro Paulo de Frontin e de Queimados, esta última tem como secretária Andréia Loureiro, que é diretora-executiva do Comitê Guandu.