Mais uma edição da Campanha Fiscal das Queimadas, realizada pelo Comitê Guandu-RJ, está chegando às redes sociais do Colegiado. A data escolhida para o início da ação é o Dia Nacional da Mata Atlântica, comemorado nesta segunda-feira (27). O objetivo é reforçar durante os próximos meses a importância de se evitar incêndios florestais, alertando para uma prática muitas vezes criminosa e os danos ocasionados em toda a biodiversidade, principalmente com a chegada de um dos períodos mais críticos para a ocorrência das queimadas, diante do tempo seco e de festividades juninas. Em poucos segundos, são destruídas áreas que demoraram anos para ficar de pé.
O pico do período de estiagem das comemorações, onde são comuns a utilização de fogueiras e a prática ilegal da soltura de balões, nem chegou ainda, e dados do programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) já revelam um aumento nas ocorrências neste mês de maio no estado do Rio de Janeiro. Até o último dia 22 já haviam sido registrados pelo sistema 93 focos ativos detectados por satélite, número bem superior aos meses anteriores deste ano, e quase 1000% maior quando comparado com janeiro. Em maio de 2023, segundo o INPE, foram 16 casos até o dia 31.
Junto de outras instituições que atuam na preservação do meio ambiente na Região Hidrográfica II, na bacia dos rios Guandu, da Guarda e Guandu-Mirim, o Comitê utilizará, até setembro, vários vídeos e outras mídias com alertas contra os incêndios florestais para reforçar a sua luta pela preservação da Mata Atlântica, principal bioma do estado do Rio de Janeiro, indispensável à segurança hídrica. São conteúdos produzidos também por parceiros como Inea, ICMBio, Ministério Público Estadual, Cedae e prefeituras da região.
Em sua terceira edição, a Campanha Fiscal das Queimadas deste ano traz uma abordagem mais com a visão da área rural, baseada em estudos acadêmicos, que apontam como a questão das queimadas, e principalmente o cenário devastador deixado por elas, prejudica a qualidade do solo e a segurança hídrica da região. Embora os incêndios florestais possam destruir os ecossistemas florestais em poucos minutos, as mudanças na quantidade e composição de matéria orgânica dissolvida podem persistir em paisagem queimadas por décadas.
É o que explica em um dos vídeos da campanha o cientista ambiental da Universidade de Vassouras, Marcos Felipe Almeida Mota. Estudos recentes comprovam que as primeiras chuvas após o incêndio transportam diversos nutrientes, como sulfato, cálcio, magnésio e potássio, deixando o solo mais pobre. Mas não são apenas esses nutrientes que preocupam. Os fosfatos, que alteram a cor, odor e sabor da água, também provocam a eutrofização, que é um processo que dificulta a sobrevivência de diversas espécies em nossos rios e lagos.
A preocupação neste período é ainda maior para o Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro. As condições atmosféricas, como a baixa umidade relativa do ar e a temperatura característica do período favorecem os incêndios por conta da vegetação mais seca, o que só vem piorando e dando mais trabalho à Corporação. Um exemplo disso aconteceu em 13 de julho do ano passado, o Rio atingiu um dos dais mais quentes para o inverno em 21 anos e os Bombeiros foram acionados para mais de 500 ocorrências de fogo em vegetação apenas naquele dia. No entanto, apesar do clima seco, é a ação irresponsável do homem a causadora da maior parte dos incêndios florestais.
Além de outros vídeos de orientação e alerta que estão sendo preparados, a as ações de combate às queimadas também estarão em destaque em um seminário de forma online, previsto para agosto, dentro das ações do Plano Associativo de Combate, Prevenção e Mitigação de Incêndios Florestais, do Comitê Guandu-RJ.
Seja um parceiro
As empresas e instituições que se tornam parceiras da campanha também recebem o selo “Eu sou fiscal das queimadas”, e, o mais importante, ajudam a colocar em prática condutas de preservação para evitar incêndios, alertando os seus colaboradores e a sociedade de forma geral para os cuidados neste período seco. Para participar entre em contato com o Comitê Guandu pelo e-mail: comunicacao.guandu@agevap.org.br.
Já para denunciar as queimadas, ligue para o 193 ou no Linha Verde, um programa do Disque Denúncia: os telefones são 0300 253 1177 (para o interior, a custo de ligação local), 2253 1177 (para a capital), ou por meio do aplicativo para celulares “Disque Denúncia RJ”.
Principais causas de incêndio, segundo os Bombeiros:
Guimbas de cigarro;
Queima de lixo;
Queima de pasto sem acompanhamento e autorização;
Queda de balões – proibidos por lei.