Você conhece os problemas gerados pelas queimadas? É respondendo perguntas como esta, que o Comitê Guandu-RJ, ao lado de organizações parceiras, quer alcançar mais pessoas com a Campanha Fiscal das Queimadas.

Muita gente não sabe, mas os incêndios em vegetações podem ocasionar, por exemplo, a falta ou a má qualidade da água que chega até a torneira das residências. Para alertas sobre estes impactos à vida humana e ao meio ambiente de forma geral, o Comitê Guandu pediu o auxílio do membro do Grupo de Trabalho de Infraestrutura Verde do Colegiado, Luiz Fernando Duarte de Moraes.

Pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), especialista em restauração florestal, Luiz Fernando ressalta que nesse período de escassez de chuvas é fundamental que todos redobrem a atenção para as queimadas, principalmente no meio rural.

“O uso indiscriminado do fogo, sem as necessárias precauções, deve ser evitado, e configura infração ambiental, e pode ser substituído por técnicas sustentáveis de manejo da vegetação. A campanha Fiscal das Queimadas, desenvolvida pelo CBH Guandu, é uma grande oportunidade para nos engajarmos nesse esforço”, destaca o pesquisador.

Ele explica que para existir fogo são necessários três elementos: o oxigênio, o material combustível (que é o que vai queimar) e o calor, gerado pelo próprio fogo.

“No meio rural, o combustível é a vegetação, seja ela uma pastagem, uma lavoura ou uma floresta. A vegetação é responsável pelas principais funções nesse ambiente, oferecendo o material orgânico que vai ser decomposto e disponibilizar nutrientes para o solo, evitando a erosão e protegendo as nascentes. Todas essas funções são exercidas em ciclos: os nutrientes e a água providos pela vegetação irão também beneficiá-la”, ressalta. 

A preservação de nascentes é apontada como primordial para a segurança hídrica. A produção de água por meio da restauração delas e também com a recuperação da Mata Atlântica são práticas desenvolvidas e incentivadas pelo Comitê Guandu. Este bioma, que cobre 17% da área do estado do Rio de Janeiro, é tão importante que pode ter impacto até sobre o abastecimento.

“Eliminar a vegetação pelo fogo é interromper brutalmente ciclos, empobrecendo o solo e diminuindo a oferta de água, prejudicando a produção de alimentos, prejudicando os animais e as pessoas, que são expostas a um ambiente menos saudável, com ar mais poluído, temperaturas mais altas e com menor oferta de água”, comenta o pesquisador.

A emissão de gases e fumaça contribui para o chamado aquecimento global e efeito estufa, responsáveis por diversos impactos negativos, como desequilíbrio do ciclo da água, com ausência de chuvas em diversas regiões e consequente diminuição de áreas de vegetação natural, perda da biodiversidade (fauna e flora). O desmatamento causado pelas queimadas pode provocar ainda o assoreamento e a diminuição da vazão dos rios, além da poluição da água.

Reforço

Lançada no Dia Nacional da Mata Atlântica, em 27 de maio, a Campanha Fiscal de Queimadas faz parte das ações previstas no Plano Associativo de Combate, Prevenção e Mitigação de incêndios florestais, do Comitê Guandu. Além dos alertas para conscientizar a população sobre os incêndios causados por atitudes irresponsáveis do homem, o Comitê tem fortalecido os municípios doando Equipamentos de Proteção Individuas (EPIs) e outros materiais de combate a incêndios florestais a suas brigadas.

A inciativa vem ganhando apoio organizações parceiras na divulgação de ações que visam a proteção do meio ambiente, principalmente nesta época mais propícia a ocorrências de fogo em vegetações. Ao aderirem o movimento, todos os parceiros estão recebendo do Colegiado o selo de participação “Eu sou Fiscal das Queimadas”.

Segundo dados da Secretaria de Defesa Civil (Sedec-RJ), de junho a setembro ocorrem o maior número de acionamentos por incêndio florestal, já que o clima neste período contribui bastante por ser um período mais seco. Além disso, ocorrem também as comemorações de festas juninas e julinas com a prática criminosa de soltar balões.