Todas as regiões fluminenses estão em estado de emergência ambiental em risco de incêndios florestais, conforme determina a portaria Nº 1.327 do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). E não é por acaso que o Comitê Guandu-RJ está realizando, junto com parceiros, em suas redes sociais mais uma edição da campanha Fiscal das Queimadas na Região Hidrográfica II (RH II), que acontece anualmente, desde 2022, durante o inverno, período seco, que coincide também com os festejos juninos.

O estado do Rio de Janeiro inteiro está inserido na portaria como propício à ocorrência das queimadas. Nas cidades da Baixada e Região Metropolitana do Rio de Janeiro o estado de emergência ambiental segue até outubro deste ano, enquanto as cidades do Centro Fluminense e Sul Fluminense permanecerão nessa mesma situação até novembro, também de 2025.

Com as mudanças climáticas, os riscos de incêndios florestais são cada vez maiores, tornando necessárias medidas preventivas tanto nas esferas municipal e estadual como na federal. Diante dessa situação, o Ministério do Meio Ambiente publicou a portaria, no fim de fevereiro deste ano, com o objetivo de permitir ações mais rápidas do poder público em todos os níveis. 

Uma das abordagens sugeridas pelo Ministério é a realização de campanhas que possam conscientizar a população, como a realizada pelo Comitê Guandu. Na Mata Atlântica, mais de 90% dos incêndios em áreas naturais são causados pela ação humana, com ou sem intenção. 

A coordenadora do Grupo de Trabalho de Educação Ambiental (GTEA) do Comitê Guandu, Viviane Montebello, que é membro do Comitê representando a Nuclebrás Equipamentos Pesados S/A (NUCLEP), reforça a importância de todos estarem engajados na Campanha Fiscal das Queimadas.

“Chegamos aos meses mais críticos do ano com a queda do índice pluviométrico, com o aumento do riscos de queimadas e que com a chegada dos festejos juninos, é ainda mais importante lembrar: balão pode até parecer tradição, mas é uma prática ilegal e extremamente perigosa para o meio ambiente e para as comunidades próximas às áreas de vegetação.Vamos juntos proteger nossas florestas. Denuncie crimes ambientais e faça a sua parte. O meio ambiente agradece”, alertou Viviane.

Cenário preocupante

Segundo dados do Monitor do Fogo, do MapBiomas, rede formada por universidades, ONGs e empresas, cerca de 30,8 milhões de hectares foram queimados no ano passado no Brasil – uma área maior do que a Itália. Entre janeiro e março de 2025, a Mata Atlântica, bioma do Rio de Janeiro, teve aumento 7% da área atingida pelas queimadas em todo o país, se comparado ao mesmo período do ano anterior, o que representa 18,8 mil hectares atingidos. Os números, também do Monitor do Fogo, são baseados em levantamentos de imagens de satélite para mapear cicatrizes de fogo em todo o Brasil.

A prevenção de incêndios sempre foi fundamental, mas este ano se tornou crítica, pois o clima, segundo especialista, está cada vez mais favorável ao fogo. A campanha é só uma das várias ações realizadas pelo Colegiado na preservação da Mata Atlântica, que cobre 17% da área do estado do Rio de Janeiro, e é tão importante que pode ter impacto até sobre o abastecimento de água.

O Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro tem  atuado intensamente no combate a incêndios florestais. De janeiro a março, a corporação registrou cerca de seis mil combates de casos de fogo em vegetação.

 “O combate às chamas envolve um grande esforço por terra e ar, com aeronaves, drones, viaturas especializadas e equipes de bombeiros especialistas em incêndios florestais. A população também pode ajudar na prevenção de incêndios florestais, evitando fogueiras, queimadas irregulares e descartes inadequados de pontas de cigarro. Além disso, é essencial lembrar que soltar balões é crime e o uso de fogos de artifício próximo a áreas de mata pode causar grandes tragédias”, alertou em nota o Corpo de Bombeiros.

Seja um Fiscal das Queimadas

A ação de conscientização do Comitê Guandu-RJ se estende até setembro e conta com reforço de instituições parceiras e prefeituras da RH II. Nos vídeos e outras mídias, que já estão sendo divulgadas, são vários os alertas para acabar com as queimadas.

A iniciativa reforça as ações do Plano Associativo de Combate, Prevenção e Mitigação de Incêndios Florestais, do Comitê, dentro da agenda de infraestrutura verde, que prevê ainda uma série de outras iniciativas pela preservação e restauração das matas. Neste ano, outra mobilização já realizada pelo Colegiado foi o “Workshop Queimadas”, que reuniu em março ceca de 100 representantes governamentais, da sociedade civil que atuam nesta agenda, e organizações públicas que trabalham contra os incêndios florestais. Eles trocaram informações e articularam para entender as demandas e as propostas direcionadas à prevenção e combate às queimadas na RH II.

As empresas e instituições que se tornam parceiras da campanha também recebem o selo “Eu sou fiscal das queimadas”, e, o mais importante, ajudam a colocar em prática condutas de preservação para evitar incêndios, alertando os seus colaboradores e a sociedade de forma geral para os cuidados neste período seco. Para participar entre em contato com o Comitê Guandu pelo e-mail: comunicacao.guandu@agevap.org.br.

Já para denunciar as queimadas, ligue para o 193 ou no Linha Verde, um programa do Disque Denúncia. Os telefones são: 0300 253 1177 (para o interior, a custo de ligação local), 2253 1177 (para a capital), ou por meio do aplicativo para celulares “Disque Denúncia RJ”.

Foto: Mayangdi Inzaulgarat/Ibama