Foi vendo o casal de filhos crescer, em contato com a natureza, numa das áreas mais preservadas da região Sacra Família, entre os municípios de Engenheiro Paulo de Frontin e Mendes, que o proprietário rural Guilherme Amorim Garcia, hoje com 72 anos, viveu momentos marcantes de sua paternidade no Sítio Cantopi. Em homenagem ao Dia dos Pais, o Comitê Guandu-RJ destaca a história dele, uma entre várias outras de protagonismo, compartilhadas com o programa Produtores de Água e Floresta (PAF).
A história da família Amorim Garcia com o Sítio Cantopi, começou ainda na década de 60, quando os pais de Guilherme, adquiriram a propriedade de 23 hectares no município de Engenheiro Paulo de Frontin, cortada pelo Ribeirão Santana. Mas, foi em 1982, quando se casou pela primeira vez, que Guilherme foi morar no local, onde a família cresceu com o nascimento dos filhos Ana e Lucas. “Eles tiveram uma infância em contato direto com a natureza e me orgulho de ter proporcionado isso a eles, uma infância fabulosa, que despertou neles uma consciência ambiental muito grande, sobre a preservação das matas, das nascentes, inclusive o Ribeirão Santana passa dentro da nossa propriedade”, destacou Guilherme, que falou com orgulho do caminho trilhado pelos filhos, ambos atualmente morando em São Paulo. Ana é médica, formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e o Lucas é equinocultor, formado pela Universidade do Cavalo de Sorocaba (SP).
E por falar em cavalos, essa é uma paixão que passa de geração para geração, do próprio Guilherme ao filho Lucas — que começou a montar com o pai aos 2 anos — e já para os netos Sebastião, de 3 anos, e Benedito, de 1 ano. Hoje o Sítio Cantopi é uma referência na região para os amantes da equitação, por exemplo. Atrelando isso à questão ambiental, o sítio virou também uma hospedaria, recebendo visitantes de diversos lugares. Além dos cavalos, que podem ser montados, quem vai ao lugar pode também acompanhar a ordenha das vacas.
Na propriedade, que tem 70% de Mata Atlântica preservada, além de se refrescar no ribeirão, os visitantes têm contato com um cenário incrível e fazem trilha entre a mata, muitas vezes guiada pelo próprio senhor Guilherme. Ele contou que faz questão de mostrar aos visitantes a área atendida pelo programa Produtores de Água e Florestas, do Comitê Guandu-RJ. O sistema adotado na propriedade dele foi o de agrofloresta, com o plantio de 2.600 mudas de palmito juçara, além da construção de mais de mil metros de cerca para a proteção de nascentes e encostas.
“Sempre que levo os visitantes na trilha, mostro o local onde tivemos este suporte do PAF e falo sobre o trabalho desenvolvido pelo Comitê Guandu, não só no sítio. No nosso caso, serviu para aprimorar um cuidado que sempre tivemos com a natureza, mas em outras propriedades realizou a recuperação de áreas degradadas com o reflorestamento. Ainda tem a valoração, o aspecto financeiro que é o pagamento por manter a mata de pé, preservada. Acho incrível também o despertar aos produtores rurais da região sobre a importância de preservar a mata”, ressaltou Guilherme.
É com o comportamento semelhante ao paternal, que o Guilherme cuida com afinco das terras — que divide a propriedade com os três irmãos Ricardo, Eduardo e Claudia — e também desenvolveu a arte do bem receber. Sempre que pode, a família se reúne por lá com amigos, como aconteceu recentemente na 15ª Festa de São João do Sítio Cantopi, que já é uma tradição local.
Ao lado da atual esposa Dayse Telles, Guilherme tem apostado cada vez mais no turismo rural e sustentável, tanto que é possível já encontrar a propriedade sendo ofertada em aplicativos de hospedaria, com espaço amplo para receber grupos. “Quem nos visita gosta muito, tanto que várias pessoas voltam, e para a gente é muito gratificante receber a todos”, garantiu Guilherme.
Sobre o PAF Sacra Família
A região Sacra Família, que possui uma das áreas mais conservadas do estado Rio de Janeiro, recebe, desde 2019, ações do programa Produtores de Água e Florestas (PAF) do Comitê Guandu-RJ. Englobando os municípios de Mendes, Engenheiro Paulo de Frontin e Vassouras, a região conseguiu, por meio do PAF Sacra Família restaurar 50 hectares com o plantio de mais de 47 mil árvores, além de conservar outros cerca de 800 hectares.
Nos três municípios são, ao todo, mais de 40 produtores rurais participantes do programa, todos beneficiados pelo Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA) prestados, que somam mais de R$ 400 mil. Os valores compensatórios são pagos de acordo com a área de recuperação e preservação florestal nas propriedades.
A região do Sacra Família tem 38% de floresta, 22 unidades de conservação e é uma área muito prioritária para a proteção de mananciais. São mais de 77 mil hectares de cobertura florestal
Desenvolvido dentro da Agenda de Infraestrutura Verde do Comitê Guandu, com operacionalização e execução da Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (AGEVAP), o PAF na Sacra Família tem atuação da ONG Crescente Fértil, ONG The Nature Conservancy (TNC), Emater e o Centro Universitário de Valença.