O quarto episódio do Podcast “Quanto Vale a Água?”, uma inciativa do Comitê Guandu-RJ para fomentar o debate sobre os valores que envolvem esse recurso essencial, já está no ar abordando o tema “Restauração Ambiental e Carbono”.
No bate-papo, o diretor geral do Comitê Guandu, Elton Luis da Silva Abel, recebeu a engenheira florestal e especialista em Recursos Hídricos da Agevap, Gabriela Teixeira, doutora em Engenharia Florestal com ênfase em hidrologia florestal, o professor da UFRRJ e também engenheiro florestal, Jerônimo Sansevero, e o pesquisador e agrônomo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Luiz Fernando Duarte de Moraes, especialista em restauração florestal e membro do Grupo de Trabalho de Infraestrutura Verde do Comitê Guandu.
O episódio tratou de vários desafios para promover a recuperação ambiental e dos benefícios trazidos por ela. Assuntos como o Código Florestal, programa de Produtores de Água e Floresta (PAF), Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) e mercado de carbono fizeram parte da pauta.
Um das novidades trazidas no episódio é a incorporação no programa Produtores de Água e Floresta, do Comitê Guandu, de uma nova modalidade de PSA para o produtor rural que adotar boas práticas agrícolas. O PAF já beneficia aqueles que disponibilizam as terras para serem restauradas e também os proprietários que já tinham áreas de matas preservadas.
O PAF ja existe há 16 anos e soma mais de 5.000 hectares de áreas florestais restauradas e conservadas nos municípios de Rio Claro, Mendes, Vassouras e Engenheiro Paulo de Frontin. A iniciativa ganhou reforço nos últimos dois anos com o projeto (Re) Floresta, Água Carbono, em parceria com a Agevap e o Programa Petrobras Socioambiental, que tem feito, entre outras coisas, o plantio mais de árvores e um levantamento importante sobre o estoque de carbono no município de Rio Claro.
Também na sub-bacia de Sacra Família, o PAF trouxe novo ganhos como os sistemas agroflorestais. “A gente precisa ampliar o olhar para as áreas produtivas da propriedade. Hoje a gente incorporou no PAF a nova modalidade de PSA para adoção de boas práticas agrícolas, que é muito possível também de serem provedores de serviços ecossistêmicos, se bem realizados”, comentou Gabriela, que é doutora em egenharia florestal com ênfase em hidrologia florestal.
Quem também destacou isso foi o pesquisador e agrônomo da Embrapa, Luiz Fernando Duarte. “Essa alteração de valorizar as mudanças do uso da terra, para além da restauração e da conservação, está levando o produtor rural a repensar a forma de de produzir, de usar sua terra em seu próprio benefício. Outros programas que adotaram essa estratégia chamam isso de transição para uma agricultura mais ecológica. Eu acho que isso deve ser valorizado”, salientou.
Em outro momento do Podcast, os participantes falaram da importância da restauração ambiental para a quantidade e qualidade de água produzida, ressaltando, ainda, o quanto as florestas podem ajudar no equilíbrio entre os períodos seco e chuvoso.
“É bem importante esse papel da infraestrutura verde na regulação e na perenidade do recurso ao longo das fases, diminuir esses picos de muito e de pouco. Manter mais perene e, principalmente, nessa regulação de eventos climáticos mais extremos”, pontuou Elton, que foi o mediador do episódio.
Doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais e Florestais da UFFRJ e engenheiro Florestal da Cedae, Elton ressaltou, ainda, que o reflorestamento além de contribuir diretamente para esse equilíbrio, impacta até mesmo nos custos de tratamento da água, como mostram estudos, por exemplo, da WRI.
“Quanto melhor for a água manancial, menos produtos químicos as empresas vão precisar gastar para torná-la potável para a distribuição ao consumidor”, ponderou Elton, sendo completado pelo professor Jerônimo. “E o consumidor também paga menos. No final da das contas também é isso. Quanto maior o custo, esse custo é repassado também para quem está pagando. Então é um ganha-ganha”, ponderou o doutor em Botânica.
Na reta final, os especialistas falaram mais sobre o mercado de crédito de carbono, avaliado por eles como promissor, mas que ainda precisa passar por ajustes importantes, inclusive em relação ao valor pago.
“O que a gente escuta falar hoje é que esse valor ainda não é suficiente para pagar a restauração florestal, como necessária. As pessoas não estão contemplando os projetos, os tempos de manutenção necessário sobre o sucesso da restauração, porque acaba que você consegue custear a implantação e um ano de manutenção. Mas a gente sabe que um ano de manutenção não é o suficiente para garantir o sucesso da restauração”, disse Gabriela, apontado as parcerias com outras iniciativas como um caminho viável.
Além de conferir todos os detalhes do episódio sobre “Restauração Ambiental e Carbono”, você também pode assistir a outros três já divulgados nesta temporada de 2024 com os temas “Turismo Agroecológico”, “Esgotamento Sanitário” e “Mudanças Climáticas”. O último episódio com o tema “Educação Ambiental” será divulgado nos próximos dias.
Todos os episódios tratam sobre os valores da água em diferentes espectros e como as ações conjuntas e individuais podem contribuir à preservação e segurança hídrica da RH II, sempre ouvindo membros do Colegiado e outros especialistas convidados.
Os episódios do Podcast “Quanto Vale a Água?” são disponibilizados nas plataformas de áudios Spotify e Deezer, canal do YouTube e em todas as outras mídias digitais do Comitê.
Confira o episódio dessa semana :