Quando se fala em preservação da Mata Atlântica, o município de Mendes, no Sul Fluminense, é um dos destaques dentro do Programa Produtores de Água e Floresta (PAF). Reconhecendo a importância dos produtores da região sub-bacia do rio Sacra Família, o Comitê Guandu-RJ realizou, nessa terça-feira (13), o Pagamento Por Serviços Ambientais (PSA) a 13 famílias, somando mais de R$ 23 mil.
Um evento com a presença dos produtores rurais e autoridades marcou a entrega simbólica dos cheques, em um espaço de festas no Bairro Independência. Também foram apresentados resultados do PAF Sacra Família, que, além de Mendes, envolve proprietários dos municípios de Engenheiro Paulo de Frontin e Vassouras.
Os 13 produtores do PAF de Mendes receberam os valores compensatórios de acordo com a área de recuperação e preservação florestal dentro de suas propriedades. Um dos destaques é a Fazenda Santa Rita, cuja a proprietária Leila Manoel de Menezes recebeu o PSA de R$ 11.425,36.
“Estou muito orgulhosa por ser reconhecida como produtora de água e ar, como eu me designo há 35 anos, como guardiã de uma das áreas mais verdes do Centro de Mendes”, destacou Leila Manoel.
Ainda segundo ela, a Fazenda Santa Rita tem 152 hectares, 90% deles de mata nativa preservada e fica 1,5 km do Centro de Mendes.
“A nossa propriedade é responsável pelo abastecimento de água de parte do município, um local histórico e muito importante para Mendes. O meu compromisso é entregar água de melhor qualidade possível da porteira para fora da minha propriedade”, afirmou.
O prefeito de Mendes, Jorge Henrique Costa, e a Secretária de Meio Ambiente do município, Juliana Fusco Pachani, participaram da solenidade ao lado da diretora-geral do Comitê Guandu, Mayná Coutinho. Também fizeram parte da mesa a Técnica em Recursos Hídricos da Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (Agevap), Isabela Trece; Luiz Felipe César, representante da Crescente Fértil, contratada pela Agevap para executar o PAF-Sacra Família; e Rynaldo Santos, coordenador do Núcleo de Desenvolvimento Regional Ambiental do Centro Universitário de Valença (UNIFAA).
A secretária Juliana Fusco Pachani, que também é membro do Comitê Guandu, comemorou o pagamento.
“Um evento tão esperado pelos nossos produtores, que estão nesta missão tão importante de relação água e floresta. Todos estamos felizes com este pagamento”, disse a secretária.
Além de Mendes, no fim do mês passado, mais 25 produtores rurais de Engenheiro Paulo de Frontin receberam, juntos, R$ 77 mil. Ao falar sobre a importância do PSA, a diretora-geral do Comitê, Mayná Coutinho sempre destaca o pioneirismo do PAF.
“Esse programa começa como uma das primeiras iniciativas no Brasil a utilizar PSA como instrumento de gestão diretamente relacionado à oferta de serviços hidrológicos. Essa agenda ganha escala dentro do Comitê e compreendemos completamente a importância dela para termos uma bacia restaurada. Hoje temos mais de 5 mil hectares de mata atlântica conservados ou recuperados. Isso só é possível graças à atuação comprometida dos municípios praticantes, junto com o engajamento dos produtores. Somente dessa maneira construímos a sinergia necessária em direção a restauração completa da nossa região”, enfatizou Mayná.
Com o PAF, os produtores recebem também incentivos e apoio técnico para a conversão produtiva, na qual é feito o manejo correto das suas áreas visando uma produção ambientalmente correta, preservando a vegetação nativa.
Levantamentos do PAF-Sacra Família revelam que de 2019 até o mês passado, já são mais de 44 mil árvores plantadas, quase 800 hectares de áreas conservadas, além de 50 hectares de áreas restauradas nos três municípios.
Números que se tornam ainda mais expressivos quando o retrospecto é feito a outros municípios da Região Hidrográfica II (RHII), atendidos desde 2009. Com o programa do Comitê Guandu, já são R$ 2,7 milhões repassados a mais de 100 produtores por meio do PSA.
O repasse dos envolvidos no PAF em Vassouras ainda terá uma data marcada.