O Seminário Estadual de Saneamento e Meio Ambiente (SaneaRio) foi aberto nesta quarta-feira (13), na sede da Firjan, no Centro do Rio, e teve boa parte da manhã dedicada aos 20 anos do Comitê Guandu. Uma mesa falando sobre a história e projetos futuros do Colegiado aconteceu logo após a abertura do evento.

Realizado pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – Seção Rio de Janeiro (ABES-Rio) e com a colaboração de parceiros como o Comitê Guandu, o Seminário conta com a participação de especialistas e outros atores estratégicos da área de saneamento e meio-ambiente, entre eles José Ricardo Brito, Secretário de Meio ambiente do estado do Rio de Janeiro.

Quem também marcou presença foi o velejador Lars Grael, um entusiasta da causa hídrica.  Ele fez uma mini palestra que antecedeu a mesa especial “20 anos do Guandu- História e Projetos Futuros”.  O presidente da ABES-Rio, Miguel Fernández, convidou os membros do Colegiado para a apresentação, agradecendo a parceria na realização do Seminário.

Diretora-geral do Comitê Guandu, a engenheira ambiental da CEDAE, Mayná Coutinho, foi a responsável em abrir a mesa, saudando a todos e destacando a importância do SaneaRio.

 “É um momento super especial para a gente. O nosso Colegiado está comemorando 20 anos de lutas empenhadas em prol das águas no estado do Rio de Janeiro. Parabenizamos a ABES por este evento e muito nos orgulhamos de estarmos comemorando aqui. são muitas histórias para contar e nós somos gratos a cada uma delas.  Mas o Colegiado quer também olhar para frente. Se para o mundo o saneamento é um direito básico fundamental, para o Comitê, é uma missão de vida”, disse a diretora geral.

Ao lado dela, estavam outros membros do Colegiado. A Subsecretária Estadual de Recursos Hídricos e também diretora executiva do Comitê, Ana Asti atuou como muito mais do que uma mediadora ao destacar sua relação de paixão com o Comitê e suas ações integradas.

“Quando a gente se aproxima de um Comitê como o Gaundu, entra no sangue. Vira uma missão que vai além do trabalho. É um desafio que vai além da questão profissional”, abriu sua fala, destacando a importância da gestão participativa e descentralizada das águas.

“O Comitê é um grande Parlamento das Águas, onde nós temos a sociedade civil organizada, os municípios, os representantes do poder público, usuários de água. É um espaço onde a gente pode fazer o debate, fazer a troca, onde a gente escuta os diferentes entes e atores daquele comitê de bacia. É onde a gente sente as dores, comemora junto, define o investimento que vai ser feito com o recurso do Fundo Estadual de Recursos Hídricos. Esse processo é feito todo a partir de Grupos de Trabalho, Câmaras Técnicas, decisões que são sempre tomadas de forma coletiva, por isso que a gente chama de Parlamento das Águas”, completou Ana Asti.

Logo em seguida foi a vez da diretora do Colegiado Andreia Loureiro, também secretária de Meio Ambiente de Queimados, apresentar um pouco sobre a história do Comitê, desde a sua criação por meio de decreto estadual até os projetos atualmente em execução.

Ela também falou sobre a importância do Comitê Guandu para gestão ambiental dos territórios municipais.

“Hoje nós temos vários projetos sendo executados, instrumentos que são muito importantes para os municípios. Está elaborando neste momento os programas municipais de educação ambiental,  de conservação da mata atlântica e saneamento rural. Daqui a um, dois anos, os 15 municípios da bacia do Guandu vão ter um destaque dentro do ICMS ecológico, porque todas estas ações vão fazer com que estes municípios, entre os 92, consigam ter um avanço ambiental muito grande”, destacou Loureiro.

Programas do Colegiado são mostrados no evento

Coordenador do Grupo de Trabalho de Infraestrutura Verde do Comitê e engenheiro agrônomo da The Nature Conservancy, Hendrik Mansur também deu sua contribuição no SaneaRio, destacando, entre outras ações, o programa Produtores de Água e Floresta (PAF).

Ele é mantido com o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), que já incentivou a conservação e recuperação de cerca de cinco mil hectares de Mata Atlântica e no pagamento de aproximadamente R$ 2,7 milhões aos produtores.

“Nós estamos falando aqui do amadurecimento da gestão de recursos hídricos no país. A gente consegue ver muitos avanços, citando o Comitê Guandu, isso é fantástico.  Quando eu falo de amadurecimento, eu falo de soluções baseadas na natureza, na gestão de recursos hídricos. Eu estou falando de você fazer restauração ambiental usando o que a natureza traz para gente para melhoria de quantidade e qualidade da água. Que um tempo atrás a gente só tinha o de infraestrutura cinza. Pensava em solução para escassez hídrica ou qualidade de água com obras e aí nós trouxemos para o Comitê Guandu, lá em 2008, e implantamos um projeto piloto. Ninguém quer substituir as obras de infraestrutura, pelo contrário a gente quer contribuir com a infraestrutura cinza na gestão de recursos hídricos”, afirmou Hendrik.

O representante da ANAGEA no Comitê Guandu, Marcelo Danilo Bogalhão fez uma apresentação sobre o atual grande projeto do colegiado, o Sanear Guandu. O programa é um conjunto de obras de esgotamento sanitário que vão impedir que mais de quatrocentos mil litros de esgoto sejam despejados por hora em rios que drenam ou no próprio rio Guandu. Marcelo apresentou os números e pesquisas que embasaram o programa desde sua idealização, mostrando também o status das obras já iniciadas em municípios como Nova Iguaçu, Itaguaí, Queimados e Piraí.

Para finalizar, a diretora geral retomou a fala para discursar sobre os projetos futuros do Comitê. “Recentemente aprovamos o nosso Manual Operativo para o Plano Estratégico de Recursos Hídricos, o PERH, que traz as prioridades para quatro anos de ações. Elas são sinérgicas e tão nas agendas de gestão integrada de recursos hídricos, balanço quali quantitativo, produção de conhecimento em educação ambiental, infraestrutura verde, saneamento, indústria e mineração. Também temos coisas já em andamento como o projeto do Observatório de Bacia”.

Mayná ainda citou a elaboração dos Planos Municipais de Educação Ambiental, feito para 13 dos 15 municípios integrantes da RH II. “Para finalizar eu gostaria de destacar que nós estamos estruturando o no nosso programa de turismo agroecológico além de ações voltadas para a questão dos resíduos sólidos e também com foco na eficiência hídrica e na indústria.”

O SaneaRio segue com sua programação nesta quinta-feira (14).