A Campanha Fiscal das Queimadas, idealizada pelo Comitê Guandu-RJ contra os incêndios florestais, segue com o apoio de parceiros na publicação de novos vídeos de alerta sobre impactos à vida humana e ao meio ambiente de forma geral. O mais recente, divulgado nas redes sociais do Colegiado, traz orientações importantes do pesquisador e agrônomo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Luiz Fernando Duarte de Moraes, especialista em restauração florestal.
Membro do Grupo de Trabalho de Infraestrutura Verde do Comitê Guandu, Luiz Fernando ressalta que nesse período seco é fundamental que todos redobrem a atenção contra as queimadas, destacando ainda a importância da Campanha Fiscal das Queimadas.
Além de prefeituras de municípios que compõem as bacias hidrográficas dos rios Guandu, da Guarda e Guandu-Mirim, a Campanha também conta com reforços de peso do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (CEDAE) e da Nuclebrás Equipamentos Pesados S/A (NUCLEP).
“O Comitê Guandu tem um programa que convida a população que reside na nossa bacia, na nossa região, a se envolver nessa preocupação de orientar as pessoas para que não iniciem fogos, seja para uma limpeza de pasto, seja para uma limpeza de restos de lavoura, seja para queimar lixo. Muitos incêndios começam com essas pequenas ações, portanto esse é um grande convite”, alerta o pesquisador.
As preocupações e transtornos são muitos, inclusive com prejuízo a pesquisas desenvolvidas pela própria Embrapa. “Nós aqui na Embrapa temos todos os anos problemas com fogo. Pessoas ateiam fogo em nossos experimentos, nas ações que nós levamos para encontrar soluções para nossa agricultura e para o nosso meio ambiente. Muitas das nossas pesquisas são afetadas por incêndios criminosos colocados de forma voluntária por pessoas que, quero acreditar, não têm noção do tamanho do prejuízo que esses incêndios causam e podem causar”, afirma o agrônomo.
Muita gente não sabe, mas os incêndios em vegetações podem ocasionar, por exemplo, a falta ou a má qualidade da água que chega até a torneira das residências, já que, com as queimadas, as nascentes são prejudicadas e os rios contaminados. Além disso, vários outros problemas são ocasionados, como enumera o pesquisador.
“Os incêndios prejudicam a vegetação, os incêndios prejudicam os animais, os incêndios prejudicam a saúde do solo, a fertilidade do solo dificultam a produção de alimentos e os incêndios afetam também as pessoas. O ar fica poluído com os incêndios. Eles podem atingir estruturas que oferecem serviços às pessoas. Nós podemos ter falta de energia, nós podemos ter problemas com abastecimento de água e da alimentação. Então precisamos que as pessoas tenham noção da grande e ampla gama de problemas associados às queimadas ambientais. A Campanha Fiscal das Queimadas, desenvolvida pelo CBH Guandu, é uma grande oportunidade para nos engajarmos nesse esforço”, adverte Luiz Fernando.
A preservação de nascentes é apontada como primordial para a segurança hídrica. A produção de água por meio da restauração delas e também com a recuperação da Mata Atlântica são práticas desenvolvidas e incentivadas pelo Comitê Guandu. Este bioma, que cobre 17% da área do estado do Rio de Janeiro, é tão importante que pode ter impacto até sobre o abastecimento.
“A vegetação é responsável pelas principais funções nesse ambiente, oferecendo o material orgânico que vai ser decomposto e disponibilizar nutrientes para o solo, evitando a erosão e protegendo as nascentes. Todas essas funções são exercidas em ciclos: os nutrientes e a água providos pela vegetação irão também beneficiá-la”, salienta o pesquisador.
Mais sobre a Campanha
Lançada no Dia Nacional da Mata Atlântica, em 27 de maio, a Campanha Fiscal de Queimadas faz parte das ações previstas no Plano Associativo de Combate, Prevenção e Mitigação de incêndios florestais, do Comitê Guandu. Com alertas para conscientizar a população sobre os incêndios causados por atitudes irresponsáveis do homem, a iniciativa do Comitê vem ganhando apoio organizações parceiras na divulgação das ações.
São vídeos e outras mídias, como cards e sopt, com alertas, que são propagados também pelos parceiros em seus canais de comunicação, tendo em vista a necessidade de ampliar cada vez mais a conscientização sobre situações de risco, muitas vezes ocasionadas por crimes ambientais.
Ao aderirem o movimento, todos os parceiros estão recebendo do Colegiado o selo de participação “Eu sou Fiscal das Queimadas”.
Segundo dados da Secretaria de Defesa Civil (Sedec-RJ), de junho a setembro ocorrem o maior número de acionamentos por incêndio florestal, já que o clima neste período contribui bastante por ser um período mais seco. Além disso, ocorrem também as comemorações de festas juninas e julinas com a prática criminosa de soltar balões.
Para denunciar os incêndios florestais ou atitudes que podem ocasioná-los, ligue para o 193 ou no Linha Verde, um programa do Disque Denúncia: os telefones são 0300 253 1177 (para o interior, a custo de ligação local), 2253 1177 (para a capital), ou por meio do aplicativo para celulares “Disque Denúncia RJ”.