Com o compromisso de atuar na minimização do impacto ambiental e na mitigação das mudanças climáticas, o PAF (Re)floresta, Água e Carbono completou um ano de ações no território de Rio Claro (RJ). Realizado pela Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (AGEVAP) e financiado pelo Comitê Guandu-RJ e Programa Petrobras Socioambiental, o projeto contribui para o enfrentamento desse desafio global por meio de um trabalho interconectado entre ações de reflorestamento, educação ambiental, pesquisa cientifica e articulação territorial socioambiental.
Na busca pela restauração florestal, o projeto promove não apenas ações de plantio de árvores, mas também o fortalecimento das comunidades locais por meio de capacitações.
“Reconhecemos que para reflorestar com sucesso, precisamos trabalhar de mãos dadas com as pessoas, compartilhando conhecimento e promovendo boas práticas agrícolas. No (Re)floresta, a restauração florestal não é apenas um ato, mas uma jornada que abraça as dimensões sociais, ambientais e científicas”, disse a Maria Affonso Penna, que atua na Restauração Florestal do projeto.
Quanto as ações de restauração florestal, o projeto já alcançou 35% das ações previstas, ou seja, 15.73 hectares dos 45 provenientes das propriedades rurais do município participantes do projeto, receberam as ações. São elas: 2,84 hectares no Sítio Lago Azul; 0,40 hectares no Loteamento Fazenda Grama; 0,37 hectares no Sítio Inhoramas; e 10,74 hectares na Fazenda Sertão do Procópio. Ao longo deste ano, foram plantadas 5.644 mudas, com um plano de atingir 31.873 mudas no total. Além do plantio direto, são realizadas técnicas de semeadura de jussara, cercamento de áreas para regeneração e enriquecimento.
Os serviços de restauração florestal estão sendo realizados pela Ecovale Consultoria Agroambiental, empresa contratada para realização das ações. O recurso utilizado para essa contratação é proveniente da cobrança pelo uso da água e foi destinado para essa finalidade graças ao Comitê Guandu, que é o ente do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos responsável por deliberar sobre como esses recursos serão investidos.
Uma parte crucial do (Re)floresta é a sua articulação territorial socioambiental. Em colaboração com o Quilombo do Alto da Serra do Mar, o projeto realizou uma série de atividades para estreitar laços com a comunidade e obter informações socioeconômicas, históricas e ambientais. Essas informações culminaram na elaboração de um Diagnóstico de Potencialidades do Quilombo, e embasaram a escolha das capacitações que acontecerão na comunidade. Essa iniciativa envolveu não apenas a comunidade, mas também entidades como o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), a Secretaria de Educação e Cultura, profissionais que já atuaram diretamente com o Quilombo e a comunidade do entorno.
Além disso, o (Re)floresta se comprometeu com a educação ambiental, impactando 262 pessoas em duas escolas municipais por meio de quatro atividades com a comunidade escolar e o público geral. O projeto também doou 100 mudas para promover a conscientização, conhecimento e sensibilização sobre a nossa relação com o ambiente. Tudo isso realizado em parceria com a rede municipal de educação de Rio Claro e promovendo planos para futuros trabalhos educacionais.
O projeto ainda conta com a pesquisa intitulada o “Impacto da restauração florestal no estoque de carbono do solo”. Desenvolvido pelo Laboratório de Estudo das Relações Solo-Planta (LSP), do Departamento de Solos do Instituto de Agronomia da Universidade Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e coordenado pelo professor Everaldo Zonta, a pesquisa tem o objetivo de investigar o impacto da restauração florestal no estoque de carbono do solo, a partir do estudo de áreas contempladas pelo Programa PAF na região de Rio Claro. Foram selecionadas 17 áreas para realização da amostragem do solo, englobando áreas reflorestadas pelo PAF, fragmentos de mata nativa e pastagens degradadas.
“Estamos realizando a coleta de amostras de solo em diferentes profundidades para estimativa do conteúdo de carbono. Adicionalmente às áreas reflorestadas, serão amostradas também fragmentos de floresta nativa e áreas de pastagem degradada”, disse a pesquisadora da UFRRJ, Vanessa Gomes, que ainda cita que os solos podem estocar de duas a três vezes mais carbono que a atmosfera, destacando a importância de identificar como o carbono é acumulado no solo ao longo do processo de restauração florestal.
A respeito da questão do sequestro de carbono, o projeto (Re)Floresta está desempenhando um papel crucial ao empregar o sensoriamento remoto na quantificação do sequestro de carbono em iniciativas de restauração florestal realizadas no âmbito do Programa Produtores de Água e Floresta, em Rio Claro (RJ).
Segundo Pedro Rajão, engenheiro florestal que atua no projeto, a metodologia proposta tem demonstrado eficiência, especialmente com a utilização de imagens de satélite do sistema Sentinel-2, o que representa um avanço significativo na estimativa de carbono.
“A adoção do sensoriamento remoto como meio para estimar a adicionalidade no sequestro de carbono revela-se uma prática acessível e de fácil replicação. Essa abordagem não só torna a restauração florestal mais mensurável, mas também possui o potencial de contribuir de maneira significativa para a expansão do mercado de carbono. Além disso, ela abre portas para a quantificação de outros processos ecossistêmicos”, disse.
Com ações previstas até o segundo semestre de 2024, o PAF (RE) Floresta ainda destaca a importância dos proprietários rurais na realização desse projeto. Eles desempenham um papel fundamental na conservação e recuperação de nossos recursos naturais. A restauração florestal não apenas beneficia o meio ambiente, mas também pode melhorar a qualidade da água e valorizar suas terras.