O trabalho voltado ao ecoturismo realizado pelo (Re) Floresta Água e Carbono, um dos braços do Produtores de Água e Floresta (PAF), no distrito de Lídice, em Rio Claro-RJ, também vai compor o Programa de Turismo Agroecológico que o Comitê Guandu-RJ vai montar neste ano. Na Comunidade Quilombola do Alto da Serra do Mar, ainda neste semestre será oferecido a capacitação em Ecoturismo.

O objetivo principal desta qualificação é impulsionar a criação, planejamento e realização de uma atividade econômica baseada na natureza e na conservação ambiental. Durante a capacitação, serão apresentados princípios básicos e introdutórios para orientar o desenvolvimento de atividades ecoturísticas no território, como por exemplo, interpretação da biodiversidade local, práticas de mínimo impacto, desenvolvimento de roteiros e atividades e estímulo ao reconhecimento e a valorização do patrimônio cultural quilombola.

Até o momento, já foram realizadas duas capacitações para a comunidade quilombola, uma delas de Associativismo e Cooperativismo e Comunicação digital e divulgação.

“Foram dois dias de encontros na sede da associação onde conversamos sobre as ferramentas digitais e audiovisuais para fortalecer a comunicação e a presença online da comunidade e promover a sua identidade cultural. Abordamos tanto sobre quais seriam as possíveis pautas que a comunidade poderia abordar nas redes sociais, como também praticamos a produção de artes gráficas, fotografia, vídeo e edição. Foram dias de escuta sobre as muitas histórias da comunidade e planos para os próximos passos”, contou Luísa Ritter, que é responsável pela comunicação do projeto PAF (Re) Floresta, e foi quem deu a capacitação.

Até o final do ano ainda serão realizadas as capacitações em Práticas sustentáveis de produção leiteira; e Boas práticas na comercialização de produtos agrícolas.

Fruto do Diagnóstico de Potencialidades Socioambientais do Quilombo Alto da Serra do Mar, as capacitações têm como objetivo fortalecer a comunidade como uma entidade cultural e econômica. Isso contribui para a construção de um futuro mais inclusivo, sustentável e resiliente para a comunidade e para a região como um todo.

As capacitações vão para além do quilombo, assim como trabalho de divulgação feito pelo (Re) Floresta, que, por meio das redes sociais, tem feito a publicação de vários pontos turísticos da região de Rio Claro, como o Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos, o Parque Estadual Cunhambebe e as muitas cachoeiras de Lídice.

Essa é só algumas das ações desenvolvidas pelo projeto em Rio Claro-RJ, onde o Comitê Guandu já atua com o PAF desde 2008, alcançando no município a maior parte dos 5.000 hectares de áreas florestais restauradas e conservadas pelo programa Produtores de Água e Floresta.

Realizado pela Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (AGEVAP) e financiado pelo Comitê Guandu-RJ e Programa Petrobras Socioambiental, o (Re) Floresta contribui para o enfrentamento do desafio global por meio de um trabalho interconectado entre ações de reflorestamento, educação ambiental, pesquisa cientifica e articulação territorial socioambiental.

Sobre o programa de Turismo

A iniciativa do Programa de Turismo Agroecológico casa muito com a questão do Pagamento pelo Serviço Ambiental, principalmente com o programa Produtores de Água e Floresta, desenvolvido pelo Comitê Guandu, valorizando também a questão da cultura local, com a produção que aquela comunidade já faz ou fazia.

A montagem do programa envolverá todos os municípios que compõem a Região Hidrográfica II. Já está aprovada, dentro da Programação Anual de Atividades e Desembolso (PAAD) do Colegiado, a contratação de uma instituição especializada para a construção do programa, que trabalhará na conservação e proteção dos recursos hídricos, com a seleção, identificação e mobilização dos participantes. A proposta é investir cerca de R$ 1,5 milhão na ação.

Sobre o quilombo

O Quilombo do Alto da Serra do Mar tem cerca de 200 moradores e ganhou ainda mais visibilidade com a implantação do programa Produtores de Águas e Florestas (PAF), idealizado e desenvolvido pelo Comitê Guandu.  A atividade agrícola em consonância com a preservação do meio ambiente se tornou um grande atrativo.

Nas terras da antiga Fazenda Sertão do Sinfrônio, o verde ganha a imensidão dos 200,55 hectares de área conservada e outros 8 hectares de matas restauradas com o incentivo do Comitê Guandu por meio do PAF. As terras no passado foram marcadas pelo trabalho degradante da exploração e produção de carvão.

A comunidade surgiu depois que famílias saíram fugidas do trabalho análogo à escravidão da região de Bananal no interior paulista para Rio Claro, nos anos de 1950.

 A luta pelo reconhecimento da comunidade como o Quilombo do Alto da Serra do Mar também exigiu muito dos moradores, o que só ocorreu no ano de 2000 pela Fundação Palmares. A partir daí o lugar passou receber um pouco mais de atenção, segundo conta os quilombolas. Com o surgimento do Produtores de Águas e Florestas (PAF), em 2008 no município de Rio Claro, a comunidade foi uma das primeiras a ser beneficiada pelo programa pioneiro no ramo de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), criado pelo Comitê Guandu.

Tudo é investido em benefício do lugar, que, com o programa, teve até sua escola ampliada. Também são compradas sementes para o plantio do feijão, milho, aipim, abóbora e hortaliças. Os produtos cultivados são orgânicos e certificados pelo Ministério da Agricultura.

A restauração da mata trouxe de volta à área animais que há anos não eram vistos por lá. Além disso, garantiu também a permanência dos quilombolas mais jovens na comunidade, já que muitos se mudavam por falta de oportunidade.

Conheça mais o (Re) Floresta e o Quilombo acessando os links:

https://www.instagram.com/pafrefloresta?igsh=NnJoM3JoNWc0bW9h

https://www.instagram.com/quilomboaltodaserra?igsh=MXBqYzI4ZHEzbHk4OA==