Na semana que antecede aos dias Mundial da Floresta e da Água, respectivamente nos dias 21 e 22 de março, o Comitê Guandu recebeu nesta semana a Expedição Nascentes do Paraíba: da Foz à Nascente do Rio Paraíba do Sul”, organizada pelos Comitês de Bacias Hidrográficas (CBHs) e o Movimento Nascentes do Paraíba.

As visitas aconteceram em propriedades participantes do programa Produtores de Água e Floresta (PAF), em Rio Claro, um projeto conhecido internacionalmente e idealizado e desenvolvido pelo Comitê Guandu; e nas ruínas de São João Marcos, cidade alagada para a construção do reservatório de Lajes. Os encontros aconteceram nos últimos dias 15 e 17.

Na primeira visita, o grupo foi até o município de Rio Claro. Lá eles conheceram exemplos do PAF, que é um dos primeiros projetos de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) do Brasil, e uma referência para o Comitê Guandu, que está prestes a completar 20 anos no dia 3 do próximo mês.

A iniciativa já resultou na conservação e recuperação de mais de 5000 hectares de Mata Atlântica, até o momento, e já retribuiu aos produtores rurais locais em mais de dois milhões de reais. 

A Expedição chegou com uma comitiva para ver de perto os trabalhos de conservação e recuperação ambiental, que contribuem para todo o bioma da região e para a bacia hidrográfica.

De acordo com o gestor do programa de Produtores de Água e Floresta, Leandro Barros Oliveira, especialista em Recursos Hídricos da AGEVAP, foram visitadas as fazendas Sertão do Sinfrônio, que fica em uma comunidade Quilombola, e a Pinheiros, também no distrito de Lídice. As duas propriedades juntas somam mais de 75 hectares de áreas restauradas e outros 300 hectares conservados.

“Foi feita uma apresentação no Centro de Convenções de Rio Claro e, em seguida, ocorreram as visitas nas propriedades participantes do PAF. No Sertão do Sinfrônio, onde vive a comunidade Quilombola, aconteceu uma roda de conversas com moradores antigos do local, que contaram um pouco da história do lugar. São pessoas que viveram muitos anos da produção de carvão vegetal e tiveram essa guinada para o ramo da conservação e restauração das florestas”, destacou Leandro.

Já na última quinta-feira (17), a comitiva foi até o Parque Arqueológico São João Marcos, também em Rio Claro. A localidade também é parte da bacia hidrográfica do Guandu. Trata-se de uma cidade que foi desabitada no início do século passado para que o reservatório de Lajes fosse construído. 

Os membros que participaram da Expedição conheceram um pouco da história e o complexo de barragens, elevatórias e de reservatórios, que foi feito na época para geração de energia. Hoje, além do potencial elétrico, o ambiente também contribui no abastecimento de água para mais de nove milhões de pessoas. 

Integrante da equipe de Organização e Comunicação da Expedição Nascentes do Paraíba, Nelson Reis, um dos membros mais antigos do Comitê Guandu, tem acompanhado de perto as ações e destaca a importância delas.

“Foi uma experiência bastante significativa para todos que lá foram. Entender o que aconteceu em João Marcos foi muito importante para a gente entender e ter como referência para outros empreendimentos que estão por vir. A participação do Comitê Guandu, neste contexto foi importantíssima para a Expedição Nascentes do Paraíba

Sobre o Programa Produtores de Água e Floresta

O Programa Produtores de Água e Floresta é desenvolvido dentro da agenda de infraestrutura verde do Comitê Guandu, na qual estão sendo desenvolvidos também os Planos Municipais da Mata Atlântica e o Plano Diretor Florestal. 

“O PAF é um dos projetos de maior longevidade dentre as ações executadas com aporte de recursos do Comitê Guandu. Ele começou em 2009, no município de Rio Claro, sendo um programa pioneiro no ramo de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), que consiste no reconhecimento do proprietário rural como provedor de serviços ambientais e ecossistêmicos”, afirmou  o gestor do programa, Leandro Barros.

A partir de 2018, o programa se expandiu para os municípios de Mendes, Engenheiro Paulo de Frontin e Vassouras.

“Com o passar do tempo, a gente agrega cada vez mais produtores. O programa vem evoluindo e, em 2021 assinamos, um Acordo de Cooperação Técnica com a Embrapa e implementamos quatro unidades demonstrativas de Sistemas Agroflorestais em propriedades participantes do PAF em Mendes e Engenheiro Paulo de Frontin”, explicou o gestor.

Ainda segundo ele, além da restauração e da conservação florestal, pensando na recomposição da floresta nativa, mais próximo de suas condições originais, o PAF também está trazendo para o programa um novo enfoque: o incentivo a boas práticas agrícolas.

“O produtor além de estar preservando a natureza e a qualidade da água, pode também utilizar espécies que sejam exploradas por ele economicamente. A partir deste ano a gente está com a previsão de iniciar no segundo semestre, uma nova modalidade de PSA, que é a de “Apoio Financeiro”. A gente vai conseguir investir ainda mais nessa parte de boas práticas agrícolas. Um apoio à conservação, visando mais a adequação desta parte produtiva dentro da agricultura da região”, completou Leandro.

O PAF concorreu no último edital da Petrobras, na área socioambiental, e foi habilitado a captar recursos.

“Além dos investimentos do Comitê Guandu, agora também estamos trazendo recursos externos para o programa. Agregaremos ao PAF capacitações visando a educação ambiental, apoio a ações afirmativas, monitoramentos da qualidade da água e também da redução das emissões dos gases do efeito estufa, relacionados a estas áreas que já foram conservadas e restauradas pelo programa e as projeções da áreas que ainda serão atendidas por nós, de acordo com as nossas previsões”, finalizou. 

Sobre a Expedição

Ao longo dessa primeira etapa da Expedição, cada comitê apresentou temas comuns. Entre os temas em destaque estiveram a Produção de Água pró Segurança Hídrica e Desenvolvimento Sustentável, além de projetos criados ou aprovados nos próprios comitês.

A segunda etapa está prevista para acontecer entre os meses de abril e junho. Nesta fase, os diálogos acontecerão com os municípios da Bacia Hidrográfica do Rio Paraitinga e Paraibuna. Entre os temas a serem discutidos estão: Produção de Água pró Segurança Hídrica e Desenvolvimento Sustentável; Organização da “Rota Turística Caminho das Águas Nascentes do Paraíba”; Educação Ambiental e Recursos Hídricos; e Turismo Pedagógico Ambiental e Rural.

A terceira e última etapa deverá ser realizada em setembro. Ela prevê uma Conferência para a exposição dos trabalhos dos CBHs, propostos na Expedição, e o encaminhamento das propostas para 2023. O tema central desta etapa é “Produção de Água pró Segurança Hídrica e Desenvolvimento Sustentável”.

A novidade veio pouco antes do aniversário de 20 anos do Colegiado, no dia 3 de abril. Em comemoração a esse marco, o Colegiado está preparando uma série de eventos e ações que poderão ser acompanhados em nosso site e redes sociais.